Um belo dia você sobe na balança e deseja não ter feito isso. Decide que vai se livrar de uma vez por todas do grande vilão, o amaldiçoado AÇÚCAR, que encolheu todas as suas roupas e transformou todo o seu metabolismo. Essa cena não é inventada, ela existe.
Se nunca existiu na sua casa, você certamente conhece alguém que passou por isso. Mas não é necessariamente o AÇÚCAR que altera o funcionamento do seu corpo. O sabor doce também tem o poder de provocar mudanças, às vezes permanentes, no nosso metabolismo e no nosso comportamento alimentar.
Imagine uma espécie acostumada com uma mesma alimentação por milhões de anos, baseada em caça, pesca e plantio. Nessa época, o único açúcar que o nosso corpo conhecia era a frutose, proveniente dos vegetais. Mas, de repente, a espécie humana se viu inundado com farinhas refinadas, pós que tentam substituir alimentos de verdade e produtos que imitam açúcar.
O mundo dos adoçantes
Hoje, a indústria nos oferece uma infinidade de açúcares: o refinado, o mascavo, o demerara, o de coco, a maltodextrina, a dextrose, o mel, o melado… Ufa! É tanta produção que a indústria provavelmente já deve ter feito mais alguns…Complicado, né? Por outro lado, a indústria dos alimentos também pensou nos diabéticos, que não podem ingerir açúcar, e inventou os adoçantes.
Na verdade, inventou muitos tipos de adoçantes. Os adoçantes ou edulcorantes, como também são chamados, eram inicialmente condenados por serem artificiais, sendo alguns derivados até do petróleo! Então vieram os adoçantes naturais, que, teoricamente, não causam doenças, não acumulam
metais pesados e adoçam 200, 300, 500 vezes mais do que o açúcar. Ótimo, né? Para os diabéticos, sim. Para pessoas saudáveis, um péssimo negócio!
Mas por quê, afinal, se eles adoçam praticamente sem engordar? A resposta para esta pergunta está, literalmente, na ponta da língua! Você já ouviu falar nas papilas gustativas? Também são chamadas de papilas linguais ou botões gustativos e são responsáveis pelo reconhecimento do sabor que os diferentes alimentos deixam boca: doce, amargo, azedo, salgado e umami, como o sabor das carnes e ovos na sua forma natural. A percepção dos sabores faz parte da nossa evolução e foi fundamental para que nós nos tornássemos a espécie dominante no planeta.
Para o nosso cérebro, a identificação do sabor doce gera a percepção da ingestão de carboidratos, que fornecem calorias; o sabor salgado representa minerais importantes para o funcionamento fisiológico; o amargo ajuda a identificar produtos que podem ser nocivos ou até venenosos; o azedo revela alimentos estragados ou passados; e o umami indica alimentos ricos em proteínas e aminoácidos essenciais.
Cada uma das nossas papilas gustativas possui no seu interior células receptoras, chamadas quimiorreceptores, que são ligadas a fibras nervosas pelas quais se comunicam com o cérebro. A identificação do sabor doce ocorre na ponta da língua. E qualquer fornecedor do sabor doce é percebido, independentemente de conter ou não calorias. Ou seja, TODOS os adoçantes vão estimular uma comunicação com o cérebro do mesmo jeito que o açúcar. Em resumo, adoçantes enganam nosso cérebro. E isso pode ser perigoso.
Um estudo de 2015 publicado pela universidade de Oxford trouxe à tona o que pode acontecer ao cérebro com o excesso na ativação dos receptores cerebrais que se ligam à glicose. A constante ativação desses receptores provoca a diminuição da atividade gustatória, reduzindo a percepção do sabor doce e transformando o indivíduo em um “viciado” em carboidratos.
Assim, aumenta o risco de se desenvolver uma compulsão por alimentos excessivamente calóricos, o que pode levar à obesidade. Em outras palavras, quanto mais doce você consome, seja ele light, diet ou regular, menos sabor doce você vai sentir da próxima vez e, por isso, vai ter necessidade de comer cada vez mais doces para ter a mesma sensação. Alimentos calóricos fornecem. calorias. Essas calorias, por sua vez, serão transformadas em glicose.
Então, se o seu adoçante não contém calorias, você sem dúvida vai ter muito desejo de consumir algo que contenha. Um dos principais sinais do vício pelo carboidrato é o alto consumo de frutas e vegetais ricos em frutose e amido, tipos de açúcar simples que rapidamente fornecem glicose ao corpo. O efeito mais prejudicial do uso de adoçantes, de qualquer tipo, é o estímulo à liberação de insulina na corrente sanguínea, provocada pela ativação desses mesmos receptores que se ligam à glicose. E por que essa liberação pode fazer mal?
Simplesmente porque o papel da insulina é acumular e distribuir energia, evitando que o corpo entre em estado de choque. Assim, a ingestão de adoçantes provoca a liberação da insulina por causa do sabor doce que eles possuem, mas não vai fornecer a glicose que o cérebro está esperando e que seria distribuída por essa insulina.
E então essa porção de insulina livre na corrente sanguínea pode provocar no longo prazo a resistência à insulina. Nesse estado, o corpo já não percebe com a mesma qualidade a ação da insulina devido à quantidade de vezes que ela ficou livre no sangue, sem atividade. Essa insulina seria no sangue como um relógio parado: ele até vai acertar a hora do dia em momentos específicos, mas você sabe que não poderá contar com ele quando precisar mesmo saber que horas são.
Da mesma forma, um corpo com resistência à insulina vai utilizar adequadamente a insulina disponível em alguns momentos, mas com uma alimentação inadequada a absorção da glicose vai ficar prejudicada. No fim das contas, a resistência à insulina é um alerta do seu corpo para uma doença muito comum…
Pessoas que têm histórico familiar de diabetes mellitus (DM) são mais predispostas à doença pela ação genética, com o avanço da idade. E a resistência à insulina é o primeiro passo para o desenvolvimento dessa doença, pois a glicose gerada pela ingestão dos carboidratos não será bem absorvida devido à baixa atividade insulínica. A gente está sempre insistindo que você evite ao máximo a alimentação “sintética”, produzida em laboratório. E não é por acaso…
A natureza sempre se encarregou de providenciar tudo o que o nosso corpo precisa para funcionar como deveria. O uso de produtos ultra processados, como os adoçantes, vai apenas simular a ingestão de algo natural, mas sem as propriedades nutricionais que o alimento original teria. O nosso cérebro não diferencia um chocolate de uma banana, e sim a quantidade de nutrientes que estamos ingerindo e a velocidade com que esses nutrientes serão transformados em glicose.
Então, enganar o próprio cérebro dando a entender que está comendo um doce, que é o maior produtor de glicose rápida, sem efetivamente fornecer essa energia não é a melhor tática para ingerir menos calorias. Adoçantes foram desenvolvidos para atender uma parte específica da população, que realmente teria grandes problemas com a ingestão de açúcar e de carboidratos em excesso.
Mas pessoas saudáveis não tem por que usar artimanhas para vencer o desejo de comer doce. Como qualquer outro vício, a vontade por doce só é vencida quando paramos de ceder a ela. É parecido ao que acontece com as drogas ou outros produtos que trazem uma sensação de prazer temporária.
Enquanto você ceder ao desejo, ele voltará cada vez mais vezes, independentemente de você ter consumido açúcar ou adoçante. No fim das contas, as formas naturais de alimentos são sempre a melhor alternativa para que o seu corpo trabalhe de maneira ideal. Nós intoxicamos nosso corpo, enganamos nosso cérebro e acabamos sempre botando a culpa do peso extra ou da falta de massa muscular no nosso metabolismo. Mas essa obviamente não é a melhor forma de lidar com um problema.
Ao invés de disfarçar soluções, evite os problemas. Tente começar uma mudança reduzindo a quantidade de açúcar que você usa. Se você só toma café com açúcar, diminua a quantidade de café que consome por dia. Assim, você diminuirá o consumo de açúcar. E se não consegue almoçar sem comer um docinho, escolha uma fruta. Mas para os diabéticos, que não podem ingerir o açúcar, qual a melhor opção entre os milhões de adoçantes que conhecemos hoje?
Qual o melhor adoçante para consumir?
Mais uma vez, a natureza deve falar mais alto! Prefira stévia, xilitol ou taumatina, que são derivados de alimentos naturais. E tome cuidado com alguns açúcares que são menos calóricos, sendo apresentados como adoçantes ou edulcorantes. Eles não devem ser consumidos por diabéticos, pois podem aumentar a glicemia. Neste caso, atenção especial para o sorbitol e a frutose. Identificar o que te faz buscar o sabor doce e procurar equilibrar essa vontade é mais saudável e eficiente do que brincar com o funcionamento do seu corpo, melhor termogenico.
Vocês consomem muitos açúcares e adoçantes no dia a dia? É difícil para vocês resistir às tentações dos doces? Nos contem nos comentários!